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5 Principais mitos sobre Mindfulness

 

Elisha Goldstein, autor de “The Now Effect” (2012), “Mindfulness Meditations for the anxious traveler (2013) e co-autor de “A Mindfulness-based stress reduction workbook” (2010) desmascara alguns equívocos comuns sobre Mindfulness. O que é verdadeiro ou falso por trás desta grande revolução? Veja o que eu penso sobre isso. Artigo original aqui. Traduzido e adaptado por Tiago Tatton

Mito #1: Praticar Mindfulness é como tirar umas “férias” da vida, aquietando a mente e reduzindo o estresse.

 

Acho que este é o mito #1 espalhado por aí. Parece mesmo que aumento na sensação de paz e de calmaria é o modo como as pessoas inicialmente experimentam Mindfulness. Veja, o MBSR (Redução de Estresse Baseado em Mindfulness) é um dos principais pontos de partida para as pessoas no ocidente. O MBSR é um programa fantástico, com uma ciência maravilhosa ciência por trás, mas o nome é uma marca, e serve mais para propósitos de divulgação. O objetivo final do MBSR não é – de fato – a redução do stress, mas sim “acordarmos” para o funcionamento interno de nossos processos físicos, mentais e emocionais. “Acordarmos” para observar a qualidade das conexões que fazemos entre estes funcionamentos e as pessoas que nos cercam. Assim, podemos operar no mundo com mais compaixão para com os outros e nós mesmos.

Mito #2: Para praticar Mindfulness você precisa de um lugar sereno e de muito tempo livre 

 

Mindfulness pode ser praticado de várias formas. Há muitas pessoas que encontram tempo no dia-a-dia para sentar e fazer práticas formais de Mindfulness. Isso inclui médicos, advogados, professores, policiais, funcionários de supermercado, atletas e até mesmo alguns políticos.

 

Por outro lado, há também muitas pessoas que dedicam suas vidas a uma prática informal. Essas pessoas buscam manter a curiosidade e a presença, momento-a-momento, em tudo o que fazem ao longo do dia. Isso pode ser feito durante os banhos, explorando os sentidos da água, do sabonete e do shampoo; também, desenvolvendo diálogos curiosos e atentos com as pessoas no trabalho e em casa; talvez, fazendo atividade física com consciência e atenção, ou simplesmente buscando estar presente no “ligar e desligar” dos sentimentos (confortáveis ​​e desconfortáveis) ao longo do dia.

 

Na minha experiência, o ideal é a prática de ambas as maneiras, já que uma reforça a outro. No entanto, como disse Kabir, o poeta indiano do século XV: "onde quer que esteja, este é o ponto de partida".

Mito #3: Mindfulness é aprender a se concentrar ou desenvolver a concentração.

 

Embora o aumento na capacidade de concentração e foco possa derivar de sua prática, é certo que Mindfulness não se trata unicamente de foco e concentração. Lembre-se, Mindfulness é cultivar a atenção curiosa e gentil com que acontece, momento-a-momento. A concentração pode ser uma importante habilidade para cultivar o nosso bem-estar, mas Mindfulness não é sobre manter a concentração.

 

Você pode estar sentado praticando Mindfulness da respiração e sua mente vagar centenas de vezes. O fato de que a mente vagueia não significa que você não está praticando. Na verdade, cada vez que você nota que sua mente vaga, você está presente, atento, em estado de Mindfulness. Nesse espaço, há a opção de trazer a atenção de volta, suavemente, para a respiração.

 

Mindfulness, então, não é ficar fixo em ponto, concentrado – é estar atento. Em um momento você estava consciente de da mente vagando, no próximo você está consciente da respiração. Ambos envolvem Mindfulness.

Mito #4: “Sou uma pessoa muito agitada. Mindfulness não é para mim. Isso é coisa para gente zen, calma e equilibrada”. 

 

Por quase uma década eu lidero grupos de Mindfulness, e a maioria das pessoas que entram pela minha porta estão longe de ser relaxadas e calmas. Porém, no momento em que terminam os grupos muitas ganham um maior senso de controle interno que ajuda a surfar as turbulências do dia-a-dia com maior facilidade. Na verdade, eu argumento que as pessoas mais agitadas e frenéticas são aquelas que mais têm a ganhar com a integração dos princípios e da prática de Mindfulness em suas vidas.

 

Isso não significa que Mindfulness faz de nós pessoas necessariamente mais calmas, mas pode incutir em nós uma maior flexibilidade de espírito capaz de ser grata pelos bons momentos e mais graciosa durante os difíceis. 

Mito #5: Professores de Mindfulness são sempre pessoas atentas, conscienciosas e auto-compassivas

 

Deixe-me ser o primeiro a derrubar esse mito a partir de uma experiência pessoal. Eu sou um professor de mindfulness e já conduzi inúmeras práticas. Ainda assim, me encontro nada Mindful em diversas ocasiões. Faço coisas estúpidas, me perco em devaneios, etc. Tenho muitos amigos que são professores de Mindfulness (alguns você conhece pelo nome) e que também testemunharam esses mesmos momentos. Na verdade, a razão pela qual muitos professores de  Mindfulness são atraídos para a prática é observarem e trabalharem suas próprias mentes.

 

Não me interpretem mal, a prática tem sido extraordinariamente útil para mim, de muitas formas. Vejo ganhos pessoais, como no relacionamento com meus filhos e também, profissionalmente. De fato, os momentos mais úteis de Mindfulness em minha vida são exatamente estes em que me percebo agindo de modo estúpido ou irracional. Com essa compreensão, estou sempre preparado para ser auto compassivo.

Mito #6: Mindfulness pode  fazer do mundo um lugar melhor.

 

Bem, havia apenas cinco mitos, não? Mas este – de fato – tem alguma credibilidade. Como Thich Nhat Hanh diz: "paz em si, paz no mundo”.

A melhor maneira de superar estes mitos é experimentando! Aproveite e dê uma passadinha em nossa página de eventos (clique aqui). Dia 16/11 começa um novo grupo de 5 semanas em Porto Alegre. Vamos?
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